domingo, 21 de junho de 2015

De volta ao sonho...

Como é que eu hei de começar? Já passaram 3 anos, na verdade até parece mais, até porque tudo o que é bom acaba de uma maneira ou de outra depressa... Tinha 19 anos quando me meti num avião com destino a uma cidade no estrangeiro sem saber bem para o que é que ia realmente, finalizada a minha passagem nessa cidade, disse que tinha vivido um sonho. E não foi menos do que isso. Na altura ainda havia tanto por dizer (e ainda há...), descobrir, sei lá, eu só sei que por momentos apercebi-me que podia assumir o controlo e nem sabia bem como o fazer ou como experimentar, na verdade foi de loucos. Ora eu tinha dinheiro na mão, uma casa, um trabalho, responsabilidades, e uma mente fresca e louca para se libertar por gerir... Foi uma questão de tempo até eu decidir que não me ia levar a sério, a partir daí foi o não planear, foi o deixar andar... Ora eu queria tudo, eu queria ir para o deboche e trabalhar, e descansar nem por isso. Então seguir uma rotina desequilibrada de festa seguida de trabalho não é recomendável e lá colapsei numa bela manhã de quarta-feira, fez-se uma pequena pausa, pequena porque não estava disposto a parar, nos dias seguintes estava de volta. Falando de trabalho, era recepcionista num hostel, mas eu nunca adivinharia o que poderia sair daí, portanto eu estava num pequeno hostel no centro de Barcelona com hospedes dos 18 aos 30, pubcrawl 7 dias por semana, quando dei por mim já estava no meeting room de copo na mão a falar com pessoas da Austrália a Portugal... Onde é que eu tinha ido parar? Acho que nunca parei para pensar nisso, para quê? Quanto mais se pensa pior é... Portanto o sonho acabou e tinha uma história para contar.


Todos os anos após o regresso tinha sempre o desejo de voltar a Barcelona nem que fosse só por uns dias, até que enfim, acabou de acontecer! Passaram-se 3 anos e finalmente consegui estar de voltar. Agora ia ser tudo diferente, pois era a primeira vez que viajava sozinho, e ia exclusivamente para a festa, sem compromissos, só tinha de me certificar que não falhava uma festa que fosse... Eram muitos os nervos e receios, e não havia expectativas. Foram tantos os flashbacks, tava tudo tão presente ainda, a cidade não me era estranha de todo, mal saí da estação dos comboios mesmo no centro na avenida mais fancy Passeig de Gracia, rapidamente cheguei ao hostel, agora na condição de guest em vez de estar por detrás do balcão. Foi tão estranho, era tanta a nostalgia, tinha passado tantos bons momentos ali... O staff já não era o mesmo do tempo em que eu estagiei ali, mas isso não prejudicou em nada, afinal de contas o staff é impecável e fez com que me sentisse em casa, tal como em 2012 acontecia, até o meu nome o recepcionista já sabia. O quarto que reservei já previa ir parar exactamente aquele pois ainda me lembrava daquele hostel divisão por divisão, não foi preciso mostrarem-me onde ficava o que quer que fosse. Foi almoçar e fazer sightseeing, câmara na mão, e fui passar pela rua onde morei (mais nostalgia), e fotografar o exterior da maior obra de Gaudi, o Templo Expiatório da Sagrada Família (mas ainda está por acabar?), bem o projecto astronómico do arquitecto catalão só deverá terminar para lá de 2029 (espero viver para ver aquela obra concluída). Com o bilhete já na mão, o Parc Guell serve para terminar o dia, foram precisas 3 horas para que as fotografias ficassem em condições, pois o parque também obra de Gaudi, tem tanto turista que torna-se impossível conseguir uma foto em condições ou apreciar as várias obras em condições. 
Sagrada Família

Passeig de Gracia - Casa Batlló e Casa Amatller

Parc Guell (El Drac)

Chegando ao hostel depois de compras incógnitas na qual uma pizza para o jantar incluí (porque toda a gente sabe que é muito usual eu comer pizza), mas como estou em Barcelona, não há limites nem barreiras, vale tudo! (ou quase tudo). Portanto, primeira noite, supostamente eu deveria descansar, o voo foi cedo e tal... mas... nem pensar, bebidas na mesa, a pubcrawl vai começar. Não estava a ser fácil, tinha acabado de chegar, era a minha primeira noite ali, as conversas vão se desenrolando com dificuldade, há pessoas do Brasil, da Austrália e dos EUA na grande maioria. O rapaz que faz a pubcrawl é português, e diz-me que vamos para um bar e uma discoteca na Gracia. A Gracia é dos bairros que mal conheço naquela cidade, mesmo sendo um dos mais trendy, na verdade, foi a primeira vez que fui sair para ali. Era Sábado, lembro-me de estar no bar completamente sóbrio e um tanto entediado, bebo um shot de Tequilla para tentar mudar as coisas, pensei que ia "gregar" naquele balcão. Vou sentar-me na rua. Hora de seguir para a discoteca, eram 2h da manhã, a noite ainda está só a começar, e eu já só penso eu não consigo aguentar isto, eu já não sou o mesmo Diogo que esteve aqui com 19 anos, amanhã vou estar morto... A discoteca tinha várias pistas, e fico com alguns dos hóspedes do Sant Jordi na pista R&B, e até estava a ser engraçado vá... Estávamos todos a dançar, estava um bom ambiente, mas as coisas não estavam ao nível de qualquer noite que tivesse vivido anteriormente naquela cidade, o que não impediu que eu ficasse até ao nascer do sol a explorar as várias pistas, mesmo arrastando-me literalmente. E voltar ao hostel? Não fazia ideia de como encontrar uma estação de metro, eram 6h da manhã e caminhei uns 20 minutos até encontrar uma estação de metro, sem stress, sabia que ia acabar por encontrar. Dormi umas 2 horas... Só pensava se ia conseguir ir para outra noite de festa, ainda por cima quando seria desta vez no Opium, uma das mais badaladas discotecas de Barcelona. Bem, chegaram outras pessoas ao quarto onde eu estava, e acabei por lhes ir mostrar o Passeig de Gracia, o Bairro Gótico, as Ramblas e o Parc de la Ciutadella, como se eu fosse realmente dali, uma parte de mim pelo menos é. 

Casa Milá "La Pedrera"

Catedral Gótica

Parc de la Ciutadella

Chega a noite, e o pre-drinking organiza-se mais uma vez, desta vez tudo parece mais animado, e tudo parece mais composto... às 23h e pouco estamos no metro a ir para a Barceloneta, para a primeira parte da noite, o bar. E está tudo meio tocado já, eu inclusive, na verdade até mais energético que na noite anterior. E o Opium foi fantástico, a música estava do meu agrado, o ambiente também, e mais uma vez até ao sol raiar. Saí da discoteca que fica virada para a praia que se encontra cheia de gente (bêbados e afins...), sou perseguido por uma prostituta que insiste que me quer "chupar a piça", sendo que muitas na verdade são carteiristas e querem assaltar os rapazes por saberem que na grande maioria aquela hora se encontram perdidos de bêbados... Mas lá cheguei ao metro e ao hostel, e mais poucas horas de sono. Supostamente seria a minha última noite de farra em Barcelona já que na noite seguinte tinha planeado ir ao concerto da Ariana Grande e seguir para o aeroporto onde tinha voo de regresso às 7h30. Tiro o dia para ir até à praia, vou a pé, para poder ir ao Mercat La Boqueria e passar mais uma vez na La Rambla, mas começa a trovejar e a chover, e decido ir para o hostel, acontece que no caminho deparo-me com um grupo de vários miúdos à porta de um hotel, e assumo que a Ariana Grande esteja pra chegar, ao perguntar a quem lá estavam confirmam que esperavam a cantora norte-americana que já se encontrava dentro do hotel. Ainda esperei 1 hora, mas sem dar sinais de aparecer, regressei ao hostel para me preparar para mais uma noite e antes disso visitar mais uma das famosas masterpieces de Gaudi, a Casa Batlló. O destino desta vez seria o Pacha, discoteca ao lado do Opium, também na Vila Olimpica. Esta viria a ser a mais insólita das noites em Barcelona, começamos no bar The Room, onde dividimos um barril de uma bebida que nem sei eu o que era, mas entre os ingredientes constava vodka e tequilla, e que brutal que estava a ser, uma pessoa já estava totalmente "fudida" e lá seguimos para o Pacha. O Pacha parecia brutal, mas para quem se encontrava no estado em que se encontrava, já qualquer coisa servia, e ex que chega o momento em que toca a minha música... O "Problem" sucesso de Ariana Grande do Verão passado, e dado que a ia ver no dia seguinte parecia mais que apropriado, no meio da bebedeira e durante o desenrolar da canção dou por mim de frente para a área dita VIP, e apercebo-me que está a intérprete da canção ali mesmo a dançar... (momento de histerismo). Portanto a Ariana Grande estava exactamente na mesma discoteca que nós, qual era a probabilidade? Mas o Diogo está muito bêbado e vai fazer qualquer coisa para chegar até ela... Dei por mim estava dentro da área VIP com pulseira no braço... Como? Disseram-me no dia seguinte, que um rapaz também hóspede no hostel fez-se passar por um importante príncipe da Índia e daí termos entrado para a área VIP. Dentro da área VIP continuava com acesso restrito à zona onde a cantora se encontrava, a verdade é que ficamos meia hora na área VIP até a fraude ser descoberta... O simpático segurança arrancou-me a pulseira, mandou-me o telémovel ao chão e atirou-me da escada abaixo (nem senti nada... só no dia seguinte). Mas show must go on, e continuava a querer estar perto de Grande, e acenava quando ela olhava, o máximo que acabei por conseguir foi que ela me mandasse um beijinho e foi só isso. Ariana Grande acabou por deixar o club, mais uma vez eu tentei aproximar-me, e tive 3 seguranças a correr na minha direcção e não quis perceber de todo porquê, corri no sentido oposto simplesmente. A noite prosseguiu e dispensa pormenores.

O mosaico "Pla de l'Os" de Joan Miró na La Rambla

Mercat La Boqueria


Barceloneta


Casa Batlló






Último dia na minha cidade preferida, parecia ainda não ter dormido desde que pisei solo catalão, era mais ou menos isso, check-out feito, não se fala noutra coisa senão a aparição de Ariana Grande na discoteca onde tínhamos estado na noite anterior. As raparigas que tinham entrado comigo na área VIP contam como tudo aconteceu e convidam-me para ir fazer uma tour pela cidade, e lá fui eu arrastar-me mais morto do que vivo pelas ruas... Preparo-me então para ir assistir ao concerto, e às 19h já me encontrava de frente para o Palau Sant Jordi a apanhar uma molha descomunal, sendo que ainda parei para fotografar toda a área da Plaça d'Espanya já que é outra das atracções turísticas da cidade...  Quanto ao concerto em si, Ariana entra em palco depois de uma contagem decrescente de 1 minuto ao som de "Bang Bang", êxito dividido com Jessie J e Nicki Minaj. A produção era enorme, um palco com dois níveis e uma plataforma até ao meio do público, incluindo ainda ecrãs led, lasers e efeitos pirotécnicos, o espetáculo Pop do costume. A Ariana Grande apareceu no panorama musical em 2013 com  o êxito "The Way" mas passou quase despercebido no cenário Pop mundial não fossem as comparações com Mariah Carey dado o registo vocal semelhante. A verdade é que a cantora só viria a conquistar o spotlight no Verão de 2014 com o hit "Problem" em parceria com Iggy Azalea, e seguiram-se uma carrada de êxitos como "Bang Bang", "Break Free", "Love Me Harder" e "One Last Time". Ariana Grande tornou-se a nova coqueluche da Pop americana e por conseguinte também uma das novas revelações Pop a nível internacional, e o êxito foi tanto que lhe permitiu embarcar este ano numa digressão de arenas pelo mundo fora, essa mesma digressão tem tido a maior parte dos concertos esgotados. No caso de Barcelona, o Palau Sant Jordi estava longe de encher, é o risco que se corre com o preço dos bilhetes e o estatuto de Ariana Grande não ser assim tão forte a esse ponto em alguns casos. O concerto não durou mais que 1h30 e o alinhamento seguiu essencialmente os temas do último álbum "My Everything" e alguns do primeiro álbum "Yours Truly", sendo que o melhor ficou sabiamente guardado para o final, "Break Free" e "Problem" foram os momentos mais celebrados da noite. Aliás os singles de "My Everything" em si foram os pontos mais altos do concerto, "Love Me Harder" já perto do fim foi recebida com uma apoteose que Ariana deixou parte dos seus versos só para o público cantar por si. Em "Why Try" a cantora usa vocoder durante toda a canção recorrendo aos efeitos criados pelas luvas Mi.Mu Gloves que permitem o utilizador com as mãos criar efeitos sonoros na sua voz, Ariana Grande tem sido o principal rosto de divulgação destas luvas, esta foi outra das canções mais celebradas no público, e dava um potencial single. "One Last Time" foi outro dos momentos altos com Ariana a demonstrar mais expressividade que em temas mais mexidos, sendo que em quase todas as canções recorreu a vocais gravados como base e até a playback em "Be My Baby" para as notas mais elevadas. Demasiado aparato e coreografias para um cantora tão competente que atinge notas elevadíssimas quase sem esforço. Durante "Break Your Heart Right Back" a aposta na coreografia é tanta que a música fica basicamente entregue aos vocais pré-gravados, mas é disto que é feito um concerto Pop, e Ariana Grande assume-se já como uma estrela Pop de topo mesmo que a dança não seja o seu forte, explora uma imagem que mistura inocência e um lado sexualizado, um tanto à semelhança do que Britney Spears fez quando começou. Mas houve espaço para Ariana Grande mostrar o vozeirão que possui mesmo não demonstrando total controle sobre a sua voz, assume que facilmente o tema "Bang Bang" poderia ter sido só interpretado pela mesma pois possui um registo vocal muito acima de Jessie J que tinha actuado em Lisboa dias antes para uma plateia muito reduzida, digamos que a capacidade de Jessie J em manter-se no cenário Pop é muito fraca já que "Bang Bang" sem Ariana e Nicki Minaj teria passado totalmente ao lado, como "Burnin Up" e "Masterpiece" (singles seguintes de Jessie J) acabaram por passar despercebidas. Alguns dos momentos que Ariana demonstrou mais entrega e expressividade foram a balada "My Everything" e "Best Mistake". "The Way" foi cantada uma parte em espanhol para agrado dos fãs que ali acorreram naquela noite de Terça-Feira. Ariana Grande ainda tem muito para a aprender mas por enquanto assume-se como a voz mais promissora desta nova geração de estrelas Pop com um alcance vocal no mínimo impressionante, e que sem dúvida que não precisa de tanto aparato, a voz fala por si e Ariana tem voz que meta inveja a Beyoncé ou Taylor Swift. A imagem essa também está lá e esperemos que não se venha a tornar numa estrela que se baseie só na imagem para vender, já que tem a voz que tem. Outro facto bastante annoying e supérfluo do espetáculo foi existir uma espécie de animador durante as canções e pausas do espectáculo, um homem que puxava pela plateia durante e após as canções, algo que de resto já tinha acontecido nas digressões de Justin Bieber, é exactamente o mesmo, cria a sensação de ainda mais aparato e de que Ariana não consegue conduzir o espectáculo sozinha. Portanto resumindo, menos bases pré-gravadas e coreografias e mudanças de roupa, e sim centrar-se mais na voz que é a sua maior arma. Não há dúvida que é raro o artista que faz uma digressão destas dimensões tão precoce, veremos se está para durar ou não, o próximo álbum já tem título e já está aí a chegar, veremos se Ariana Grande tem o que é preciso para se manter no mercado.
Os meus momentos preferidos foram "One Last Time", sinceramente acho que é a melhor música da curta carreira dela e também a mais identificável, "Break Free" por dar espaço a uma autêntica discoteca não fosse o único tema com elementos do som do momento EDM, e "Problem" a razão de eu gostar de Ariana Grande.

Fontes Mágicas






Fim do concerto, e eu pensei? Porque é que eu não hei de ir celebrar mais uma noite nesta cidade, o cansaço era mais que muito, mas a vontade superava qualquer dor de cabeça ou de pernas... Corri durante meia hora para conseguir chegar ao hostel antes de saírem para a pubcrawl, e consegui chegar a tempo. Sem bebidas sequer, acabaram por me oferecer, e a bebedeira instalou-se, sendo que tinha um avião para apanhar. Arrastava-me por tudo quanto era sítio, mas não podia parar, era a quarta e última noite em Barcelona, 4 noites sem parar... Abandonei a discoteca às 5h da manhã (já estava mais do que atrasado para ir para o aeroporto), ainda caminhei pelo areal da praia antes de seguir para o metro, no meio de tanta correria cheguei a tempo ao aeroporto... 
Sem dormir acabei por deixar a minha cabeça suspensa durante o voo de regresso a Lisboa, ainda com os copos, só acordava quando ouvia falar em turbulência (e que medo que eu tenho de andar de avião). Aterrei em Lisboa completamente de rastos mas com a sensação de missão cumprida. Afinal a minha definição de férias é isto, associar cultura à mais louca da festa sem nunca parar, e cumpri, 4 noites seguidas de festa sem parar e foi tão bom, afinal de contas acho que ainda tenho mais pedalada do que quando lá estive em 2012, ou então estou ainda mais desgovernado, é possível! Disseram que ia ser uma seca ir sozinho, mas sinceramente eu queria fazê-lo sozinho, ou então com alguém que me entendesse, no fundo esta era uma viagem de certa forma pessoal, ir a Barcelona nunca será ir a Madrid, Paris ou Londres, tem outro significado, acho que deixo sempre um bocadinho de mim lá que só encontro quando regresso. Quem é que tinha pedalada para acompanhar os meus exageros? Alguém... Foi tão mágico poder caminhar naquelas ruas outra vez, sentir o calor do nascer do sol ao caminhar de volta para casa depois de uma noite em cheio, simplesmente apreciar um tempo só para mim e ao meu gosto. Voltei a acordar de outro sonho. Quero voltar... e de vez!




quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Hala Madrid

Depois de uma passagem um tanto conturbada pela capital espanhola há 3 anos numa "visita de estudo" (chama-lhe visita de estudo...) em que descobri qual era a sensação de "gregar" por causa do álcool, ou acordar sem saber como ali fui parar e que "maravilhas" tinha aprontado na noite anterior (o pior é que há fotos para a posteridade), voltei a Madrid para 2 dias desta vez sem fiesta.
Pensar que estive até ao último segundo a pensar em cancelar tudo até me deixa desmiolado, podia lá eu perder tal oportunidade...
Bem, cheguei a Madrid no Domingo de manhã, depois de várias horas dentro do comboio, lá estava eu na estação de Chamartin mais morto do que vivo, apanhou-se o metro para ir até ao hostel que estava no centro da cidade, logo veio uma viagem de metro com uma carrada de estações.
Check-in, deixa-se as malas na Maletera já que a entrada no quarto não pode ser feita antes das 15h, e toca a fazer "sightseeing".
Tendo uma noção de orientação na cidade facilita tudo, e começa-se pela Plaza Mayor que ficava a menos de 10 minutos do hostel. A Plaza Mayor é uma das imagens principais de Madrid aparece em tudo o que é postal, desta vez até estava em obras e pairava um arco-íris sobre a linha do horizonte. Não é melhor que o nosso Terreiro do Paço.
Tiram-se umas fotos e passa-se a outro sítio, o Palácio Real. Não entrei mas é decerto um dos edifícios mais interessantes da cidade é um tanto grandioso. E há polícia por toda a parte, há carros e carros da polícia, mas o que é que se vai passar ali? Bem prosseguiu-se a marcha até à Plaza de España para se entrar na mítica Gran Via.
A Gran Via é provavelmente a avenida principal da cidade, é uma rua extremamente comercial cheia de lojas das marcas do costume, cinemas, teatros, hotéis, restaurantes, etc... É local de multidões a atravessar aquela área a pé, afinal de contas é o coração da maior cidade da Península Ibérica. Mas a avenida estava parcialmente fechada ao trânsito, e mais polícia por toda a parte... E lá se perguntou o que se passava, era o Dia de la Fiesta Nacional, ou seja o Dia de Espanha, era feriado e ia haver um cortejo militar, e os reis de Espanha iam estar presentes na Plaza Neptuno.

Plaza Mayor

Palácio Real

Gran Via

E o passeio continuou até à Calle Alcalá onde a Gran Via termina com o mítico Metropolis a dividir as ruas, acho que aquele é um dos edifícios mais marcantes da cidade, cativa totalmente.
E o trânsito está cortado e vê-se uma enchente cheia de bandeiras espanholas na Plaza de Cíbeles, outro dos pontos mais emblemáticos a registar na capital espanhola. 
Sinceramente é uma das coisas que mais gosto naquela cidade. A praça tem uma fonte ao meio com uma estátua da deusa, que serve como rotunda, é tipo um Marquês de Pombal de Madrid. Ali encontra-se também outro edifício soberbo, o Palácio das Comunicações, é lindo!
E com a multidão por toda a parte não há fotos para ninguém e nem é possível rumar a Norte para a Puerta de Alcalá... Bem bora tentar ver os reis à Plaza Neptuno. Esta encontra-se cortada ao trânsito automóvel e pedonal, mas é possível ter uma vista para o evento assim ao longe nas ruas transversais, e lá se vislumbra a família real espanhola lá bem ao longe... Que pontaria!
Bem almoça-se pela Puerta Del Sol no sempre também mítico McDonald's, qual paella qual tapas, McDonald's é sempre toda uma inovação...

Para a tarde a sightseing tour continuou, voltou-se à Cibeles para tirar umas fotos decentes e prosseguiu-se para norte em direção à Puerta de Alcalá, primeiro vislumbre que tive de Madrid já em 2010. Entra-se pelo megalómano Parque del Retiro, e que grande que aquela merda é, mas vale muito a pena, principalmente pelo Palácio de Cristal e paisagem envolvente que é espectacular, e só para não falar que o espaço é extremamente agradável para ir correr e fazer outros tipos de desporto. Perderam-se 2 horas lá, e começa a chover. Caminha-se pelo Passeo del Prado, e vai-se ver a fachada do Museu do Prado e ver os preços de entrada... 18 euros se bem me lembro, fica para uma próxima!
Estamos pela Plaza Neptuno outra vez, esta praça que é palco de eventos como tinha acontecido de manhã, quando o Real Madrid ganhou a Champions foi ali que decorreu a fiesta.
Volta-se para o hostel por aquelas calles típicas, lembra o Bairro Alto e Alfama em Lisboa mas é bem distinto.

Metropolis

Puerta Del Sol

Plaza Cibeles

Puerta de Alcalá

Parque del Retiro

Palácio de Cristal

Museu do Prado

Plaza Neptuno

Ficamos num quarto muito peculiar, era Marylin Monroe por toda a parte desde a porta até às paredes do quarto, havia imagens da actriz por toda a parte, havia outros quartos com por exemplo Anne Frank.
Jantou-se pela Puerta Del Sol e deu-se uma volta pela Gran Via e Plaza de Cibeles, já que de noite Madrid tem outro encanto, há uma enchente nas ruas que é coisa impensável em Lisboa.
Dia seguinte, check-out às 10h30, tão cedo... é que por norma o meio-dia é o mais aceitável, mas enfim. Pequeno-almoço só inclui churros, não sei quem é que consegue comer aquilo logo de manhã. 


O quarto Monroe





O último dia na cidade significa também que vou vivê-lo grande parte sozinho, é o dia em que vou ver o concerto de Kylie Minogue.
Mandem-me pedras à cabeça, fuzilem-me, o que quiserem, digam que ninguém vai ao Estrangeiro e paga para ver essa mulher, caguei um bocado para isso... Este dinheiro que foi um ordenado ganho ano passado, guardei para uma ocasião que fosse especial, para muitos faz sentido comprar um telemóvel, uns ténis, uma roupa nova, para mim não, prefiro continuar com o telemóvel da "idade da pedra" e gastar o dinheiro em algo imaterial. 
Vamos ao que interessa. Chego ao Barclaycard Center por volta das 15h a fila está pequena, nem parece que vá haver ali um concerto. 
As portas abrem às 19h20 e quando dou por mim estou praticamente na primeira fila à espera que o concerto comece, e como dói estas esperas... Eu devo ser o indivíduo mais novo dentro daquele recinto que não deve ser maior que a MEO Arena, já que a maioria dos presentes deve ter dos 30 para cima, e uns 80% são homens e tudo homossexual, mas onde é que eu me fui meter... Já imaginava para onde ia. 
21h30 começa o concerto, Kylie e a pontualidade britânica mesmo que seja australiana, vive em Inglaterra portanto é quase adoptada pelos britânicos. Há um palco com uma passerelle, ecrãs gigantes, uma estrutura metálica na frente do ecrã, e um jogo de luzes impressionante. 
Não é o espetáculo que apresentou na digressão passada em 2011, já que dificilmente supera aquilo que foi provavelmente o espectáculo mais megalómano e ambicioso criado por uma artista feminina, mas... continua a ser um concerto de Kylie Minogue, e só por aí já se sabe que há bom espectáculo (gostando-se ou não do reportório).
O mote desta turnê europeia é a promoção do álbum Kiss Me Once que foi um fracasso, o que se traduz na criação de um espectáculo mais simples do que as últimas digressões mundiais da cantora. 
Minogue entra deitada sobre um "sofá" que recria os lábios com batom vermelho da cantora ao som de um tema do novo álbum, "Les Sex". 
Está montada uma pista de dança gigante, já que o reportório de Kylie é maioritariamente aquilo a que se chama de Dance Pop. E vai tudo dizer "ahhh mas isso é tudo a mesma merda, Kylie, Britneys, Beyonces, Rihannas, Katy Perrys, não cantam nada, fazem playback e usam auto-tune...". Não é bem assim.
Kylie Minogue é aquilo que uma cantora Pop deve ser, apresenta durante 2 horas um espectáculo visualmente atractivo e extremamente competente, o que é que eu quero dizer com isto? Kylie canta ao vivo todas as canções e canta bem, muito bem, é extremamente afinada e pode surpreender os mais cépticos, a certa altura Minogue "alonga" a sua voz e chega mesmo para além de emitir notas longas e altas, chega a cantar ópera... Sim isso mesmo, Kylie Minogue consegue cantar ÓPERA! Foi durante "Your Disco Needs You", registei esse momento em video que vou deixar abaixo o link.
E para quem pensa que também é uma Diva sem maneiras como muitas outras, nope. Esta não só tem classe como é extremamente comunicativa com o público chega a dar um autógrafo e já lá mais para o final leva um fã para o palco para tirar uma selfie e cantar em acapella com ele. Brilhante no mínimo que uma artista consiga demonstrar tanto prazer e empenho por estar em palco, realmente esta mulher nasceu para aquilo, tá-lhe no sangue. 
Não é a primeira vez que vejo um concerto de Kylie Minogue, já tinha visto em Lisboa em 2009, o problema é que não estava lá ninguém e foi um fracasso de bilheteira, gostos são gostos!
Foram 2 horas muito bem passadas, o alinhamento foi maioritariamente baseado nos êxitos conhecidos do público, Kylie é daquelas artistas que assim de repente ninguém sabe quem é, mas quando se dá conta, conhecemos umas quantas músicas que passaram na rádio há milénios atrás, isto aconteceu comigo. Constaram na setlist temas como a mais célebre "Can't Get You Out Of My Head", "I Should Be So Lucky", "Love At First Sight", "Spinning Around", "Slow" ou "In My Arms". Há canções que não simpatizo, nomeadamente as do início da carreira como "The Locomotion" ou "Never Too Late", e já de 2000 "Your Disco Needs You", esta última vale a pena ao vivo pelo momento de ópera claro. 
Para o final fica "All The Lovers" e já no encore "Into The Blue" que mostrou o novo álbum, pena que não tenha tido sucesso já que foi provavelmente o melhor single que Kylie editou nos últimos anos, e uma das melhores canções do género editadas este ano.
Por detrás de Kylie há uma equipa também competentíssima que vai da banda aos bailarinos, ela chega mesmo a interagir com todos os elementos do palco durante o concerto.
Passaram 2 horas a correr, e valeu a pena claro que valeu, foi o concerto que mais gostei, pensar que tive para não aparecer e cancelar a viagem, teria sido um erro tremendo, não me arrependo nada, missão cumprida!
Dormir nos bancos do aeroporto é que não teve graça nenhuma mesmo já não ter sido uma estreia nessas andanças, não se dorme um piço. às 10h15 da manhã estou com os pés em Lisboa, que pena!
Tanto Madrid como Barcelona são a minha cara cada vez me convenço mais disso, mudava-me para qualquer uma amanhã já... Keep dreaming...