segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

2013 foi quase o Versailles

Agora que o ano está nos últimos dois dias, penso na maneira como começou, não foi nem com o pé direito nem com o esquerdo foi com os joelhos na terra batida a gritar pelo Sr Gregório enquanto soavam as 12 badaladas, foi presságio de um ano terrível, confesso. E foi quase assim... a primeira metade de 2013 foi negra, foi vazia, foi inútil... as coisas aqueceram já com o calor do Verão, e a temperatura foi subindo e subindo, quando se tem um ano tão em grande como 2012, dificilmente se supera ou se iguala. 2012 tinha uma unicidade muito específica, foi onde se arranjaram as ferramentas para utilizar em 2013 e levar o jogo para à frente. E o jogo passou ao nível seguinte, porque quando eu estou fora do campo de controlo sei exactamente o que fazer e para onde disparar, até porque vergonha cada vez a tenho menos. Mas tirando um Verão muito seco, há uma nova etapa a seguir, significa que vou dar entrada na faculdade... E chegou bem rápido pelo menos a dita semana de praxes, "vais levar com ovos na cabeça, vais fazer isto e aquilo, não sei se vais aguentar..." são alguns dos testemunhos de outros indivíduos que já passaram por semelhante noutros espaços. Mas vamos lá saber como é que é, pensei eu, primeiro dia foi mesmo o mais difícil, realmente ou eu desistia logo ali ou seguia com a semana até ao fim, e não foi por levar com ovos na cabeça ou farinha, isso é chato mas nem é o pior, quando se começa a ver as "figuras" que terceiros são submetidos, começa a crescer um sentimento de receio, mas eu vou ficar sempre lá atrás e ninguém vai sequer saber quem eu sou, pensei eu na minha ignorância. Cada caloiro tem de ter um nome/uma personagem, e já se via de tudo, polícias, Miley, Shakira, Liliane Marise, um Hitler... e eu permanecia ali sempre a tentar ocultar-me de quem exibia o traje académico. Mas no primeiro dia um veterano já me tinha desafiado e "intimidado", mas eu pensei que no dia a seguir já nem recordaria a minha expressão facial, mentira! Ao final do segundo dia sou outra vez abordado com várias questões sobre a minha pessoa nomeadamente onde moro, e foi aqui que tudo começou, mostrei que sabia demais e "fudi-me" (pensei eu naquele momento). Devido a Mafra e ao convento e ao querer falar demais mencionei as semelhanças entre este palácio e um outro francês, o tão famoso palácio de Versailles. E ficou logo ali o nome de caloiro inscrito na placa, até aqui parece tudo ok, mas quando é decidido o que vou interpretar... Só tenho de gritar que adoro baguetes em francês. As primeiras vezes até bloqueava a meio, e cada vez que lançava o grito a risota era geral, mas isto não seria nada comparando com o que se seguiria entretanto... Fui literalmente posto à prova, eu podia ter escolhido falhar e manter-me isolado e acabaria por cair no esquecimento, mas desta vez o caminho escolhido foi outro, e eu dei por mim a pensar que eu teria toda e qualquer lata do mundo para fazer qualquer coisa depois de tantas acções passadas descabidas. Então eu entrei no jogo, e se queriam que se cantasse alta e se gritasse, porque não? As primeiras vezes que sou mais exposto foi difícil mas eu ocultava e dançava, e gritava como se da pessoa mais extrovertida do mundo se tratasse, e a verdade é que a pessoa tímida e pouco comunicativa que era suposto ter sido a imagem passada, passou mas foi completamente ao lado, à frente de caloiros e veteranos estava outra pessoa, estava um outro nome, aquela era pessoa que todos iam conhecer naquela semana. Chegou o rali tascas e a minha personagem ganhou nova forma, pois se eu já fazia o que fazia sóbrio, imagine-se o que os copinhos a mais não iriam trazer, alguém teve a ideia de citar uma canção que é um clássico e que levou a minha personagem para outra dimensão, o "Lady Marmalade" com o sonante e sugestivo refrão em francês, "Caloiro faça uma dança para essa música e cante" e pronto mudou tudo ali, não sei como fiz aquilo, aliás foi muito fácil, estava sob influência do álcool, e pensei eu que aquilo só ia acontecer ali naquela tarde, enganei-me outra vez. Outro dos vários momentos que me marcaram naquela semana seria o leilão do caloiro, foi instituído que eu teria três irmãos de praxe, um inclusive já estava a passar por aquilo tudo pela segunda vez. E aqui, como é que se disfarça tão óbvia timidez e o controlo excessivo a que sou submetido, a primeira foi disfarçada quase com sucesso total, a segunda não. Não conhecia ninguém e sem copos a mais não havia muito a fazer, mas não foi desastroso, correu razoavelmente bem, esta seria noite para mais novidades na minha personagem, pois decido confidenciar nunca ter comido lasanha, e ali ficou quando já adorava baguetes e croissants, passei a adorar lasanha (e ficava tudo, lasanha porquê? é um prato italiano...) e lá explicava eu a razão. Naquela noite abriu-se caminho para a tentativa de criar um pedido minimamente original para ter padrinho até ao final da semana, e logo no dia a seguir aconteceu. Foi como a semana ou corria muito bem ou muito mal, podia ter ido tudo por água abaixo ali logo. Outros dos momentos que me marcou foi o desfile dos carrinhos de compras, quando dei por mim estava sentado dentro de um com um chapéu mexicano e outros adereços a gritar PARISSSSSSS  com sotaque francês no meio de uma canção criada sob pressão pelo nosso curso, eu só pensava que o carro iria virar a qualquer momento. Chegou o baptismo, e antes chegou o tribunal de praxes e a pena máxima, roçar no peixe e carne podre com larvas foi qualquer coisa... nojento muito nojento, mas o banho no Tamariz só não tirava o cheiro mas de resto era sinónimo de chegamos ao fim desta semana de praxes, e eu que nunca tinha ido aquela praia, foi preciso a praxe levar-me até lá. E pairava no ar a sensação de que aquela semana podia ter sido uma das melhores semanas de uma vida, e foi mesmo. Quando a tuna está sob o pontão a tocar a "Balada", que é literalmente um hino de devoção aquela instituição, a casa de estudantes, a ESHTE. A tuna tinha sido logo apresentada no primeiro dia, eu até era um bocado céptico em relação às tunas mas quando vi a Tunística no primeiro dia de praxe, fiquei em choque, porque aquilo tinha sido mesmo muito bom! As lágrimas caíram sobre muitos dos presentes naquela tarde solarenga na aclamada praia da linha, e encerrou-se aquela semana assim, em grande. Chegaram-se as aulas, vieram quintas-feiras académicas e que quintas-feiras essas. A praxe estava sempre presente e a "Lady Marmalade" não foi esquecida, teve de ser apresentada a quem ainda não conhecia, e que medo disso, quando desta vez a performance seria em modo pole dance (dança no varão). Tornou-se a rotina de final de quinta-feira à tarde, e os copos também claro, a minha personagem iria desenvolver-se mais ali naquele espaço no bar do quartel dos Bombeiros do Estoril. Ali eu ainda só não fiz o pino porque desde a dança do varão, à dança com um chapéu de chuva (outra canção para o reportório a óbvia Umbrella), essa que também já não foi esquecida e que se voltou a repetir já dentro do "bar" várias vezes, essa é uma das praxes mais difíceis que fiz e devo voltar a fazer, mas quando no final vem uma jola de borla, esquece-se tudo e dá-se tudo para que aquilo seja a cena mais cómica possível. Sem medos Diogo, sem medos porque o Versailles não tem vergonha, essa palavra não consta no dicionário dele, ele actua em qualquer espaço e local. O meu grito já quase durava um minuto porque após a lasanha lembraram-se de acrescentar a Torre Eiffel, "Avecs", e ainda queijo (fromage). Entretanto os copos começaram a ser demais, e pegar no carro nem pensar, e começou a ser comum sexta-feira após sexta-feira a roupa do dia anterior, os óculos de sol e a garrafa de água na mão. Foi quase sempre "divertido" até à campanha das listas, nessa semana foi sério e os copos já não "divertiam" só "destruíam". Por coincidência ou não a semana seguinte retirei-me por motivos de saúde até chegar quinta-feira claro, lá estava eu desta vez sem o copo na mão mas estava lá. Chegou a gala de Natal e os copos voltaram para me "divertir" outra vez.
Foram 3 meses muito rápidos mas aconteceu tanta coisa que eu pensava ser impossível, a verdade é que as praxes tornaram-se um pouco como uma terapia e um escape, e ainda tem muito pela frente... E foi impressionante como passados tantos anos foi possível criar amigos e estar mais à vontade e mais apto a combater obstáculos que se intrometem na minha frente, só tenho de ser eu a fazer o meu caminho, esta é uma viagem que só posso fazer sozinho sem ninguém a meu lado e sem controlo, porque é o controlo que me destrói sempre, é esquematizar ainda mais e prever acontecimentos próximos, é estar preparado para o que der e vier. Há quem diga que estou muito diferente, eu não acho estou igual, cresci um bocadinho só, mas isso faz parte, eu cá continuo, mas agora passei a ser o Versailles, e como foi assim que fui conhecido nesta nova etapa, não há qualquer problema em ser celebrizado por este nome para sempre, é só como uma versão 2.0 do Diogo.

2014 está quase aí, e será desta que se passa de um ano para o outro da melhor forma? O que é que me espera? A resposta será atribuída amanhã. O que é que 2014 vai ser? Logo se vê.
Boas entradas, divirtam-se!


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

De volta aos blogues...

Faz já muito tempo desde que andava nesta coisa dos blogues... Mas a pedido de várias famílias eu regressei a esta "indústria" do partilhar online num endereço que não seja o facebook, o twitter ou o tumblr... Pois muito bem, aqui vou postar tudo e mais alguma coisa, ao contrário dos outros blogues que tive que eram destinados a um tema só.

Sejam bem-vindos ao drama, à ironia, ao sarcasmo, à imprevisibilidade, ao ridículo, aos delírios de Versailles...